Módulo I

Período de trabalho: de 14 a 25 de novembro de 2016

Compreende a natureza da investigação científica, identificar etapas, componentes do processo e critérios de qualidade.


OBJETIVOS:
Compreender a natureza da investigação científica, identificando etapas, componentes do processo e critérios de qualidade
Compreender a importância da formulação de problemas, questões e objetivos de investigação, e o papel da teoria, da revisão da literatura e da recolha de dados empíricos nesse processo

CONTEÚDOS:
Natureza e características da investigação científica. Etapas, componentes do processo e critérios de qualidade. Formulação de problemas, questões e objetivos de investigação. O papel da teoria, da revisão da literatura e da observação e recolha de dados empíricos. 

Investigação qualitativa

A investigação qualitativa, tem como principais características o facto de o entrevistador ser o principal instrumento de recolha de dados e interessar-se mais pelo processo do que simplesmente pelos resultados, pela observação das aulas que refletem situações rotineiras onde é possível observar e escrutinar todo o meio envolvente.

Segundo (Bogdan & Biklen, 1994), as características da investigação qualitativa são bastantes e acontecem em qualquer lugar a qualquer momento. O que acontece normalmente é que o investigador se desloca ao local para recolher os dados com grande detalhe. E esta recolha de dados, é composta por uma parte humana bastante visível, pois é recolhida por um ser humano, cujos seus valores e reflexões vão estar quase que implícitos através de ações e atitudes humanas.

Outra das características importantes num objeto de estudo com a utilização uma participação ativa do investigador as questões de investigação podem mudar e ser redefinidas durante o todo o processo.

É uma investigação interpretativa e descritiva, onde o investigador faz uma interpretação dos dados, descreve os participantes e os locais, analisa os dados para configurar temas ou categorias e retira conclusões, tratando-se de uma investigação indutiva, pois o investigador analisa os dados indutivamente sem a preocupação em arranjar dados ou evidência para provar ou rejeitar. O investigador está preocupado em saber como as diferentes pessoais pode fazer sentido ou dão significado às suas vidas. Trata-se de um investigador qualitativo que vê os fenómenos sociais holísticos e daí se explica por que os estudos qualitativos parecem gerais e visões panorâmicas.

Contrariamente à investigação quantitativa, que tende a ser descritiva o que permite uma abordagem minuciosa do objeto de estudo, os dados são analisados de forma indutiva pelo investigador, pois as perceções são construídas à medida que os dados vão sendo recolhidos e o significado assume uma importância vital para o êxito do estudo porque há uma preocupação em compreender o modo como os sujeitos interpretam as experiências vividas e as analisam.

O estudo de caso como método de investigação, uma vez que este consiste na observação detalhada de um contexto ou indivíduo, de uma única fonte de documentos ou de um acontecimento específico (Merriam, 1988). É, essencial a exploração e observação detalhada dos comportamentos e ambientes. As vantagens do estudo de caso são variadas mas salienta-se o facto de estes estudos evidenciarem os significados que os indivíduos atribuem às situações que vivem e terem como fim compreender, descrever, explicar, explorar, relatar e avaliar o fenómeno observado.

No que diz respeito à entrevista, baseia-se numa "conversa intencional, geralmente entre duas pessoas, embora por vezes possa envolver mais pessoas" (Morgan, 1988) em que uma delas (o entrevistador) pretende obter informações sobre a outra (o entrevistado). Assumindo claramente um propósito, esta pressupõe uma interação entre entrevistador e entrevistado. É ainda utilizada para recolher dados descritivos na linguagem do sujeito, oferecendo ao investigador alguma margem de manobra para, intuitivamente, criar uma ideia sobre a forma como este interpreta o mundo. Relativamente ao grau de liberdade da entrevista, esta pode assumir-se como: não diretiva, semidireta e diretiva. No caso deste trabalho, a entrevista só poderia ser semidireta, até porque há a permanência de um guião de entrevista que fornece um conjunto de tópicos e perguntas orientadoras face aquilo que se pretende realmente saber, sem que o entrevistador controle de forma demasiado inflexível o conteúdo.

A própria investigação submete para um aprofundamento de aspetos considerados relevantes pelo investigador, bem como para uma verificação dos fatos. Neste tipo de entrevistas o foco direciona-se para a análise de determinados problemas e centra-se em compreender os motivos que levam os indivíduos a agir de determinada forma e não de outra, ou seja, o verdadeiro sentido que dão à sua prática. Por estes mesmos motivos há uma tendência para equiparar entrevistadores a detetives, uma vez que o seu papel destina-se a assimilar a perspetiva pessoal do sujeito através da captação das suas histórias e experiências.

A entrevista semidiretiva reconduz para um discurso fluente entre entrevistador e entrevistado, o que de certa forma leva a um contacto direto entre ambos e a uma perceção mais visível acerca da problemática em questão. Denota-se, que antes de se iniciar a entrevista é extremamente importante colocar o interlocutor à vontade e recordar os objetivos da investigação, já no decorrer da mesma é substancial verificar a pertinência do seu discurso, de modo a não ocorrer um desvio relativamente à especificidade do objeto de estudo. Na verdade solicita-se que o entrevistador capture, o mais fiel e rigorosamente possível, o pensamento do entrevistado, ouvindo-o cuidadosamente.

Para se construir o guião da entrevista é crucial partir dos objetivos do estudo e organizar questões que complementem estes mesmos objetivos, aliás são as questões formuladas e as preocupações da investigação que dão origem a determinadas categorias e subcategorias. Por sua vez, as categorias são uma condição necessária para classificar os dados descritivos recolhidos.

A utilização de um guião caracteriza-se como sendo um método orientador, ou seja, embora exista uma certa flexibilidade para se contornar as diversas questões no momento da entrevista é sempre um benefício apresentar tópicos e notas orientadoras (indicadores de resposta) face aos vários blocos temáticos, como forma de se estruturar e delinear bem a informação. É ainda importante referir, que o observador tem de assumir um papel imparcial, isto é, quando procede à recolha de dados em campo não pode interferir diretamente com a sua opinião, não havendo explicitamente uma imposição de valores, para garantir que o observado não seja influenciado pelo mesmo.

Por fim, quanto à observação a função do observador restringe-se em saber observar e avaliar, todavia, a sua avaliação não consiste em formular juízos de valor ou hipóteses explicativas, mas sim interpretar fielmente a realidade dos dados observados, até porque segundo o autor Albano Estrela, "a prática da investigação evita a formulação de um discurso paralelo ao real, na medida em que o transforma num instrumento de análise e de interpretação desse real" (Teoria e Prática de Observação de Classes. Uma Estratégia de Formação de Professores, 1984, p. 27). A partir deste mesmo autor, para uma correta prática de observação é imprescindível formular-se os objetivos gerais e específicos da observação, assim sendo pressupõe-se a delimitação do campo de observação (o que se observa), a definição de unidades de observação (quem se observa) e o estabelecimento de sequências comportamentais(reportório comportamental).

Bodgan, R., & Biklen, S. (1994). Investigação Qualitativa em Educação. Porto Editoria. 

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